domingo, 21 de setembro de 2025

Por Que Vale a Pena Ser Revisor de Artigos Científicos?

Recentemente, recebi um certificado por ser revisor de artigos científicos (peer reviewer) e fiquei super feliz! Decidi partilhar aqui no blogue um pouco sobre esta experiência e os benefícios de fazer parte deste grupo.

1. Aprendizado Constante

Ao rever artigos, temos acesso a pesquisas novas antes de serem publicadas. Isso ajuda-nos a aprender coisas novas, ficar actualizados e até inspirar ideias para os nossos próprios projectos.

2. Reconhecimento

Ser revisor é uma forma de mostrar que contribuímos para a ciência. O certificado é uma prova disso e pode ser usado no currículo ou perfil profissional.

3. Melhoria Pessoal

Revisar artigos ajuda-nos a desenvolver o olhar crítico, a atenção aos detalhes e a capacidade de analisar textos científicos. São habilidades úteis para qualquer área.

4. Networking

Ao participar como revisor, conhecemos outros profissionais, editores e investigadores. Isso pode abrir portas para colaborações e novas oportunidades.

5. Satisfação em Ajudar

Saber que estamos a ajudar a melhorar a qualidade da ciência e a apoiar outros autores é muito gratificante.

Resumindo:
Ser revisor de artigos científicos não é só um trabalho voluntário — é uma oportunidade de crescer, aprender e contribuir para o avanço do conhecimento. Recomendo a todos que experimentem!

 


sábado, 20 de setembro de 2025

X Jornadas Científicas da UniZambeze - Chimoio 2025

 Ciência e Inovação em Moçambique: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável

A apresentação de Fernando Chichango destaca o papel crucial da ciência e da inovação como motores do progresso social e económico em Moçambique. Com uma abordagem clara e estruturada, o autor explora os seguintes pontos:

1. Conceitos Fundamentais

  • Ciência: estudo sistemático dos fenómenos naturais com vista à melhoria da vida humana.
  • Inovação: aplicação prática do conhecimento científico para resolver desafios reais.

2. Comparação entre Ciência e Inovação

  • A ciência foca-se na produção de conhecimento; a inovação, na criação de soluções úteis.
  • Exemplos locais incluem universidades e centros de investigação (ciência) e secadores solares comunitários (inovação).

3. Instituições-Chave

  • Universidades, institutos técnicos e centros de transferência de tecnologia devem apostar fortemente na ciência e na inovação.
  • Destaca-se o papel misto de instituições rurais e comunitárias. Secadores Solares em Bandula

 

Secadores solares de frutas e vegetais

4. Tipos de Inovação Científica

  • Tecnológica, social, agro-pecuária, organizacional, ambiental, educacional e em saúde.

5. Processo de Inovação em Moçambique

  • Envolve múltiplos actores: comunidades locais, ONGs, investigadores, incubadoras, ministérios, universidades e agências de financiamento.
  • Ferramentas como o Repositório de Ciência de Moçambique (BR_118_I_SÉRIE_2024.indd) e o mapeamento da UNESCO são essenciais.

Processo de Inovação em Moçambique 

6. Desafios e Oportunidades

  • Desafios: infraestrutura limitada, financiamento insuficiente, fuga de cérebros.
  • Oportunidades: valorização de recursos locais, digitalização, parcerias internacionais e políticas públicas favoráveis.

7. Soluções Propostas

  • Investir em infraestrutura científica, apoiar jovens empreendedores, integrar ciência no ensino básico e técnico e fomentar redes de colaboração.

Contribuições Académicas

        Fernando Chichango é autor de diversos estudos sobre energias renováveis, secadores solares, bio etanol, e impactos socioambientais, com publicações reconhecidas internacionalmente.

 
Projectos de Inovação em Curso

Possíveis soluções para desafios d e inovação 



Mensagem Final:

“Estou sempre aberto para aprender com as críticas e colaborar para o avanço da ciência.” — Fernando Chichango, 2025

sábado, 6 de setembro de 2025

Investigadores da UniZambeze em destaque na Conferência Internacional sobre Energias Renováveis em Maputo

Entre os dias 3 a 5 de Setembro de 2024, a cidade de Maputo acolheu uma importante Conferência Internacional sobre Energias Renováveis, organizada pela Universidade Pedagógica de Maputo. O evento reuniu especialistas nacionais e internacionais, académicos, decisores políticos e representantes do sector privado, com o objectivo de debater os avanços, desafios e oportunidades no âmbito da transição energética em Moçambique.

 A Universidade Zambeze (UniZambeze) esteve representada por dois investigadores de referência: Fernando Aníbal Chichango e Júlia Gaspar Silote, cuja participação foi marcada por contribuições relevantes e inovadoras para o debate sobre soluções sustentáveis, inclusivas e adaptadas ao contexto moçambicano.


 Fernando Chichango: Autonomia térmica e inovação com materiais locais

O investigador Fernando Chichango apresentou um estudo centrado na eficiência térmica de sistemas solares com armazenamento de calor, destacando o fenómeno de histerese térmica como uma vantagem estratégica para garantir autonomia energética em zonas rurais. A sua comunicação evidenciou o potencial de materiais alternativos de origem local, como chapa de zinco e tubos de aço galvanizado, na construção de secadores solares de baixo custo, promovendo a resiliência climática, o acesso a energia de qualidade e acessível para todos, e a segurança alimentar.

Momento de debate dos conteúdos apresentados 

 A experiência partilhada revelou-se promissora: o aquecedor solar de materiais alternativos desenvolvido demonstrou uma eficiência térmica de 58%, com um período de retorno do investimento estimado em apenas quatro anos, posicionando-se como uma solução viável e competitiva face aos sistemas convencionais.

 Chichango partilhou ainda experiências práticas do Centro de Transferência de Tecnologia e Desenvolvimento Económico, sediado em Bandula, distrito de Manica, onde se promovem iniciativas de educação ambiental comunitária, produção de álcool para desinfecção e valorização de tecnologias sustentáveis no meio rural.

 

Júlia Silote: Inclusão energética com enfoque no género

A investigadora Júlia Silote abordou a dimensão social da transição energética, com enfoque na inclusão de mulheres e jovens nos programas de acesso à energia fora da rede. A sua apresentação destacou o papel das mini-redes verdes e dos sistemas solares caseiros (SSC) como ferramentas de empoderamento económico, redução das desigualdades sociais e promoção da equidade de género, sobretudo em comunidades remotas e vulneráveis.

 Silote defendeu a necessidade de modelos de financiamento mais inclusivos e acessíveis, como o sistema PAYGO, e apelou ao reforço da formação técnica de mulheres, de modo a garantir uma participação activa e equitativa no sector energético, contribuindo para uma transição energética verdadeiramente justa.

 Contributo académico para uma transição energética justa e sustentável

A participação dos investigadores da UniZambeze nesta conferência reforça o papel estratégico das instituições de ensino superior na produção de conhecimento aplicado, na transferência de tecnologia e na formulação de políticas públicas baseadas em evidência científica.

 As suas intervenções alinham-se com os pilares da Estratégia de Transição Energética (ETE) de Moçambique, que visa alcançar 100% de electrificação até 2030, com 85% de energias renováveis no mix energético até 2050.

 A conferência constituiu igualmente uma plataforma para o fortalecimento de redes de colaboração entre universidades, governo, sector privado e parceiros de cooperação, num momento em que Moçambique se posiciona como plataforma regional de produção e exportação de energia limpa.



segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Bandula como Farol de Inovação Sustentável: Educação, Tecnologia e Esperança para o Futuro


 

No coração do distrito de Manica, na sede de Bandula, está a nascer uma nova visão de desenvolvimento — uma que alia conhecimento, inovação e compromisso com o futuro. O Centro de Transferência de Tecnologia e Desenvolvimento Económico tem-se afirmado como um espaço de aprendizagem activa, onde a educação para o desenvolvimento sustentável deixa de ser apenas teoria e transforma-se em prática concreta.

Secador solar de frutas e vegetais com armazenamento de calor sensivel via pedra sabão 

Neste centro, comunidades locais, técnicos e académicos juntam-se para partilhar saberes e construir soluções adaptadas à realidade moçambicana. Um dos destaques é a partilha de boas práticas de secagem de produtos agrícolas, utilizando secadores solares construídos com materiais alternativos e acessíveis, como a chapa de zinco. Esta tecnologia simples, mas eficaz, permite conservar alimentos, reduzir perdas pós-colheita e garantir maior segurança alimentar — tudo com baixo impacto ambiental.

 



Outro exemplo inspirador é a produção local de álcool para desinfecção, uma resposta criativa e sustentável às necessidades de higiene e saúde pública, especialmente em contextos de escassez de recursos. Esta iniciativa demonstra como o saber técnico pode ser colocado ao serviço da comunidade, promovendo autonomia e resiliência.



 

Mais do que um centro técnico, Bandula tornou-se um laboratório vivo de educação para a sustentabilidade, onde se cultiva o respeito pelo ambiente, o uso responsável dos recursos naturais e a valorização do conhecimento local. Cada actividade desenvolvida ali é uma semente lançada para garantir que as gerações vindouras herdem um mundo mais justo, limpo e equilibrado.

Este exemplo mostra que o desenvolvimento sustentável não é um luxo, mas uma necessidade — e que pode ser construído com criatividade, colaboração e compromisso. Bandula é prova de que, mesmo com recursos limitados, é possível fazer muito quando há vontade de aprender, ensinar e transformar.

O Ciclo Virtuoso do Saber e o Compromisso com o Futuro Sustentável

 Aprender- Ensinar - Duvidar - Reaprender

Na jornada de um profissional académico, há um ciclo que se repete com profundidade e propósito: começamos por aprender, depois ensinamos, e nesse processo descobrimos novas dúvidas que nos levam a reaprender. Este ciclo — longe de ser um sinal de instabilidade — é a essência da evolução intelectual. É nele que se moldam os pensadores, os investigadores e os educadores comprometidos com a transformação da sociedade.

Mas este ciclo não se limita ao saber técnico ou teórico. Ele ganha ainda mais sentido quando é orientado por valores éticos e ambientais. Num mundo marcado por desafios ecológicos e sociais, o académico tem um papel fundamental na promoção de boas práticas que garantam a preservação dos recursos naturais e o bem-estar das gerações vindouras.

Ensinar hoje é também educar para a sustentabilidade. É integrar nos currículos e nas investigações temas como:

  • Energia limpa e acessível, como a solar térmica;
  • Gestão responsável dos recursos naturais;
  • Tecnologias apropriadas ao contexto local;
  • Consumo consciente e economia circular.

Aprender e ensinar com consciência ambiental é um acto de responsabilidade. Cada descoberta científica, cada aula dada, cada artigo publicado pode ser uma semente de mudança — uma contribuição para um mundo mais justo, equilibrado e sustentável.

A todos os que vivem este ciclo virtuoso: que o vosso saber seja também um instrumento de cuidado com o planeta. Que a vossa paixão pelo conhecimento se transforme em acções concretas que protejam a Terra e inspirem outros a fazer o mesmo. Porque o verdadeiro académico não apenas pensa no presente — ele prepara o futuro. Os detalhes do ciclo sao apresentados na figura abaixo.

Ciclo Virtuoso de Saber e Sustentabilidade

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE SECADOR SOLAR DE FRUTAS E VEGETAIS FEITO DE BLOCO DE ARGILA QUEIMADO

 O estudo avaliou a eficiência energética de um secador solar de frutas e vegetais construído com blocos de argila queimados e pedra-sabão como material de armazenamento térmico sensível, visando mitigar perdas pós-colheita nas zonas rurais. Utilizando uma abordagem experimental, o protótipo foi testado em condições reais na província de Manica, demonstrando que a pedra-sabão aumentou a estabilidade térmica e retardou o arrefecimento após a redução da radiação solar, com eficiência térmica variando entre 19,6% e 38,5%. A análise económica indicou viabilidade, com um Valor Presente Líquido de 39.623,11 MZN, uma Taxa Interna de Retorno de 70%, um Índice de Benefício-Custo de 2,72 e Payback de 1,65 anos. Conclui-se que o uso de materiais locais como argila e pedra-sabão oferecem uma alternativa eficaz, sustentável e replicável para a conservação de produtos agrícolas em comunidades com recursos limitados, recomendando-se a disseminação desta tecnologia em regiões com condições semelhantes.

Orientador e Engenheiro Junior 




Secador solar de frutas - protótipo, produzido pelo candidato a Engenheiro Ismail Ambição 

Energia Solar Térmica em Moçambique: Solução Sustentável ou Tecnologia Subaproveitada?

 Apesar do elevado potencial solar que Moçambique possui, a energia solar térmica continua a ser uma tecnologia pouco explorada no país. Este artigo propõe uma reflexão crítica sobre os factores que limitam a sua expansão — desde os custos dos materiais até à falta de políticas públicas eficazes — e apresenta alternativas viáveis, como o uso de chapa de zinco em sistemas de aquecimento solar.

A discussão convida os leitores a pensar sobre:

  • O papel da inovação local na superação de barreiras técnicas.
  • A importância da formação técnica e da sensibilização comunitária.
  • Como a energia solar térmica pode contribuir para a autonomia energética em zonas rurais.